Congresso Internacional do Medo
Provisoriamente não cantaremos o amor,
que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos.
Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços,
não cantaremos o ódio porque esse não existe,
existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro,
o medo grande dos sertões, dos mares, dos desertos,
o medo dos soldados, o medo das mães, o medo das igrejas,
cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos democratas,
cantaremos o medo da morte e o medo de depois da morte,
depois morreremos de medo
e sobre nossos túmulos nascerão flores amarelas e medrosas.
Carlos Drummond de Andrade in ‘Sentimento do Mundo’ (Editora Record)
foureaux@hotmail.com
/ 1 de setembro de 2016Drummond me faz chorar, às vezes…
Valnikson Viana
/ 6 de novembro de 2016Seus versos também me emocionam muito.
Obrigado pela visita, amigo!
oimpressionista
/ 1 de setembro de 2016Que belo e triste e adequado aos tempos…
Valnikson Viana
/ 6 de novembro de 2016Infelizmente, condiz demais com a nossa atual conjuntura.
Grande abraço e obrigado pela visita!