A Árvore da Serra
— As árvores, meu filho, não têm alma!
E esta árvore me serve de empecilho…
É preciso cortá-la, pois, meu filho,
Para que eu tenha uma velhice calma!
— Meu pai, por que sua ira não se acalma?!
Não vê que em tudo existe o mesmo brilho?!
Deus pôs almas nos cedros… no junquilho…
Esta árvore, meu pai, possui minh’alma! …
— Disse — e ajoelhou-se, numa rogativa:
“Não mate a árvore, pai, para que eu viva!”
E quando a árvore, olhando a pátria serra,
Caiu aos golpes do machado bronco,
O moço triste se abraçou com o tronco
E nunca mais se levantou da terra!
Augusto dos Anjos in ‘Eu e Outras Poesias’ (Editora Civilização Brasileira)
Marina Otero
/ 4 de fevereiro de 2014Engraçado que esse não é um dos meus poemas preferidos do Augusto dos Anjos, mas consegue me arrepiar mesmo assim.
Valnikson
/ 10 de fevereiro de 2014É incrível como o Augusto consegue influenciar tanto em nossa sensibilidade, não é Marina?
Um forte abraço!